O retrocesso do Vaticano.

    Na semana passada (15 de março) o Vaticano proibiu as igrejas católicas de abençoar uniões entre LGBTs, pois “Deus não abençoa o pecado”. Decisão que surpreendeu muitos fiéis, tanto da comunidade do arco-íris quanto aliados dela. 

    Depois dessa decisão muitos padres se pronunciaram contra o papa alegando que iriam sim continuar abençoando os casais homoafetivos. O grupo (em 17 de março) Pfarrer-Initiative (Coligação de Padres), se pronunciou: “Nós, membros da Iniciativa Sacerdotal Austríaca, estamos profundamente chocados com o novo decreto romano que quer proibir a bênção de casais que amam o mesmo sexo. Esta é uma recaída em tempos que esperávamos superar com o Papa Francisco.” “Em solidariedade com tantos, não rejeitaremos nenhum casal amoroso no futuro que queira celebrar a bênção de Deus, que experimentam todos os dias, em um culto religioso. A realidade já mostrou que casais do mesmo sexo conectados por amor podem muito bem celebrar a bênção de Deus na igreja. Uma teologia de ponta estabelece essa prática responsável.”. 

    Esta declaração do grupo rebelde acalora o coração de alguns fieis e, talvez, promove uma esperança para que num futuro, possivelmente próximo, possamos ver uma nota de retratação da Igreja para com os LGBTs. 

    Ademais, um ex-padre, Nathan Monk explicou que os argumentos religiosos sobre o pecado da homossexualidade é, apenas, uma leitura rasa da escritura sagrada. (Leia a publicação de Monk na íntegra no fim do artigo.) 

    Em suma, o que me tranquiliza é que daqui alguns anos, ou décadas, o Vaticano vai finalmente se tocar que esse preconceito é contra as palavras Dele. A realidade aqui é que vamos estudar sobre esse período nas escolas nos referindo a um retrocesso temporário, um medo de inovar, da igreja. 

    Se colocarmos em perspectiva a caça às bruxas. Época em que o Papa aprovou o Malleus Maleficarum (Martelo das Bruxas) livro repulsivo que detalha e condena mulheres por não seguirem os dogmas da igreja. Anos depois, outro Padre Santo, diz que aquilo foi uma era obscura da igreja e que aqueles pensamentos não eram mais cabíveis para sociedade atual, claro que fazendo uma média, algumas vezes por década, dizendo que o Halloween (Dia das Bruxas) é uma festa anticristã. Em outras palavras, se o Vaticano se retratou pelo número de mortes ocorridas por aquela prática horrenda. 

    Minha reflexão aqui é que só vamos poder ver uma mudança como esta acontecer para os LGBTs quando ensinarmos para o mundo cristão o que Nathan Monk nos ensinou em seu texto no Facebook. Só avançaremos neste tema quando a população mundial entender, finalmente, a verdadeira palavra de Deus. 

Nathan Monk, texto, Íntegra: 

    “A Bíblia não condena relacionamentos do mesmo sexo. A palavra homossexual não foi adicionada à Bíblia até a década de 1940 Você leu bem, a palavra só apareceu no século 20 A questão oficialmente ficou nebulosa quando as escrituras estavam sendo traduzidas do grego, hebraico e latim para alemão, francês e inglês. Mas o verdadeiro problema resume-se ao apóstolo Paulo. 

    Paulo literalmente inventou uma palavra, arsenokoitai, que é uma palavra composta derivada de duas palavras gregas que significam macho (arsen) e cama (koité.) A palavra era uma anomalia para tradutores bíblicos e assumia formas diferentes de tradução para tradução. Eventualmente, os estudiosos começaram a acreditar que Paulo estava a retomar Levítico 20:13, que paralela Levítico, 18:22. Uma simples leitura do texto implicaria que as relações do mesmo sexo são contra os costumes de Deus, mas como a maioria das coisas na vida, o contexto importa. No capítulo 18 de Levítico, os versículos começam com Deus a ordenar ao povo que não, ′′ façam como fazem no Egito, onde vocês costumavam viver, e não devem fazer como eles fazem na terra de Canaã, onde eu vos trago." e no capítulo 20, o preâmbulo alerta para não praticar os costumes religiosos ou Molek. 

    Acreditava-se amplamente que Molek exigia sacrifícios infantis e sexo no templo, especificamente prostitutas do templo wirh que foram escravizadas. O código santidade em Levítico 18 e 20 está condenando as práticas do templo Molek. Não foi uma condenação grossista de relações entre pessoas do mesmo sexo. 

    A razão pela qual Paulo estava a tentar recordar os versículos de Levítico das duas vezes que ele usou a palavra arsenokoitai, encontrada em 1 Coríntios 6:9-10 e 1 Timóteo 1:9-10, é porque na sua primeira carta para os Coríntios ele era desenhando paralelos como o corpo como um Templo e em 1 Timóteo ele estava discutindo ser atraído por falsos ensinamentos. Estes versículos foram feitos para espelhar os perigos de cair num tipo de falso culto ao templo, semelhante aos avisos sobre Molek no Antigo Testamento. 

    Os outros versos que são mal utilizados para condenar a comunidade LGBTQ+ é a história de Sodoma e Gomorra. Este verso não tem nada a ver com relações consensuais do mesmo sexo. A razão para a destruição de Sodoma e Gomorra foi claramente definida em Ezequiel 26:49: ′′ Eis que esta era a culpa de Sodoma: orgulho, excesso de comida e facilidade próspera, mas não ajudou os pobres e necessitados." A razão pela qual Lot foi poupado é porque ele manteve o costume da hospitalidade e convidou os anjos para entrarem na sua casa e os protegeu do assalto da multidão. Mas o pecado de Sodoma não era consensual relacionamentos do mesmo sexo, mas a sua violência, ganância e natureza inóspita. 

    A Bíblia não condenou, e não condenou relacionamentos do mesmo sexo. O que aconteceu é que as escrituras foram armadas ao longo do tempo contra a comunidade LGBTQ+. É tempo de a Igreja reconhecer estes graves erros translacionais e entrar na luz do amor e da verdade.”

Comentários

  1. Matéria sensacional!!
    Eu me espantei com esse decreto do Papa Francisco, eu esperava evolução e não retrocesso.

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